segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Boletim 10 - Domingo eu quero ver...

Essa semana o Felipe escreveu  três textos lindos sobre a nossa família, dois deles já publicados aqui. Aí, eu não consegui pensar em nada tão a altura para escrever no boletim dessa semana. 
Então, segue para vocês, o texto que fala mais ou menos como é um domingo aqui em casa. 
Sylvia

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DOMINGÃO
E eu achava que meu domingo seria tranquilo, bobinho! Três filhos pequenos, dois deles recém nascidos, é mais do que uma dádiva, como diria o Muricy: – Aqui é trabalho, meu filho! Pois é, você percebe isso quando, ainda dormindo, vê aquele lourinho pular em cima de você na cama enquanto repete, incessantemente: – Acorda papai! Não tenha dúvida, nessa hora a Syl, já demonstrando os primeiros sinais de cansaço, libera o Pingo pra fazer o serviço sujo de me acordar.
Bom, depois disso dê adeus às suas coisas. Fazendo um parênteses, creio que a única coisa minha, daquelas que ainda dá pra chamar de sua, é meu sono, mas há controvérsias. Enfim, voltando, da hora em que você abre os olhos até o momento de voltar a fechá-los, sério, esqueça que você existe. É muito melhor agir assim e ao longo do dia ir sentindo prazeres efêmeros ao fazer algo que você gosta do que passar o dia tentando fazer algo que você gosta e sentir o desprazer de não conseguir. Parece só uma questão de ponto de vista, e é, mas faz toda a diferença.
Nada de Twitter, Google Reader, iPad, Wii, PS3, seriados bacanas, esqueça isso! Bom, pelo menos não preciso mais ficar com raiva do mundo – das pessoas do mundo – depois de ler a Dora Kramer ou o Reinaldo Azevedo, pois quando sobra um tempinho, na verdade não sobra, eu me concentro nas futilidades mesmo. Ao longo do dia não existe uma ação minha que não seja precedida de um “- peraí!”. É mais ou menos assim:
- Pingo, peraí que vou escovar os dentes. Syl, peraí que vou tomar o café. Caio, peraí filho, tenho que colocar a roupa na máquina. Peraí Iago, sua irmã tá chorando. Lys, filha, calma, peraí que o papai vai só no banheiro, tá?
E eu a Syl passamos o dia assim, nos revezando entre os três. Pra nossa sorte o Caio consegue brincar sozinho, quer dizer, quase sozinho. Ele fica só com os brinquedos, mas narra tudo pra gente em voz alta e acabamos participando verbalmente das histórias que ele cria. Quando calha de termos uma folguinha, cada vez mais difícil já que os gostosinhos estão dormindo bem menos durante o dia, a realidade se apresenta em sua face mais cruel, pois aquele negócio bacana que você queria fazer vai ter que esperar mais um pouco, antes disso você tem que tomar um banho, preparar o almoço, organizar a louça suja, tirar o lixo, separar a roupa pra lavar e por aí vai. E que você não se iluda, muito antes de fazer tudo isso seus filhos vão precisar de você de novo, fique feliz se conseguir tomar banho!
E assim o dia vai passando, e entre muitas brincadeiras com o Caio, o incansável, e olhares desconfiados e sorrisos, cada vez mais sorrisos, com a Lys e o Iago, seu domingão foi embora. À  sua volta um mar de brinquedos espalhados, um monte de coisas em cima da mesa, a cozinha em estado lastimável – 
precisamos de mais um jogo de talheres
 -, dezenas de roupas pra lavar e ainda bate aquela sensação de que parece que você não fez nada durante o dia. Nessa hora, em que você até evita ir beber água na cozinha pra não ver o tamanho da bagunça, não tem nem o que pensar, você liga pro Sky’s e pede aquele sandubão bem oleoso, um verdadeira bomba de proteínas, com aquele açaí delicioso e uma Coke, e pronto, pode fechar o dia.
Agora, no silêncio da madrugada - sim, elas estão silenciosas, os gostosinhos chegam a dormir até 7 horas seguidas - nossa casa está parecendo mais uma República Estudantil. Já vi que hoje é dia de tomar café fora de casa. Aliás, tomar café na rua é um dos poucos momentos em que fico só comigo mesmo, mas é tão rápido e normalmente estou com tanta fome que não consigo nem me curtir…rs
Mas não se engane, não estou reclamando, tudo isso é gostoso demais e vale muito à pena.

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